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Boas Perguntas Determinam Boas Ações 02: A que Julian Birkinshaw nos provoca?


Julian Birkinshaw é professor de Estratégia e Empreendedorismo, Diretor Acadêmico do Instituto de Inovação e Empreendedorismo da Universidade de Durham, Phd e MBA pela Western University e pela Richard Ivey Escola de Negócios, ambas no Canadá. Transcrevo parte de sua entrevista à revista Época Negócios para, no final deste texto, trazer mais uma provocação às áreas de inovação e criatividade de muitas organizações brasileiras.

EN - O senhor disse, em artigo publicado pela revista acadêmica Califórnia Management Review, que as empresas só estarão preparadas para inovar quando aprenderem a falhar e a lidar com os riscos. Que empresas trabalham bem a equação entre risco e inovação?

Birkinshaw - O exemplo óbvio é o Google, que parece ter uma espécie de licença para correr riscos. Que outra empresa pode se dar ao luxo de colocar seu presidente numa reportagem da revista Fortune apontando como exemplo a ser seguido uma funcionária que perdeu US$ 1 milhão num projeto frustrado? Claro que é uma situação pouco usual e que há empresas que não podem nem sonhar em viver nesse tipo de ambiente. Mas a filosofia por trás do modelo do Google - que é a de falhar rápida e sistematicamente, controlando os riscos e aprendendo com os projetos abortados - pode ser adaptada. A mentalidade é similar às dos fundos de capital de risco (venture capital). A Shell é uma empresa que fez isso muito bem, com uma iniciativa chamada "Game Change". A companhia adotou um modelo de portfólio de investimentos para incentivar a inovação, partindo do pressuposto que, a cada 20 iniciativas, apenas três ou quatro serão bem-sucedidas. A fórmula permitiu testar projetos que, quando tem seu potencial comprovado, recebem investimentos maiores. Boa parte das iniciativas inovadoras em curso na Shell hoje nasceu dentro do Game Change. Esse exemplo mostra que é possível equacionar inovação e risco, desde que se tenha cuidado com quanto dinheiro será investido e que o impacto de eventuais falhas seja claramente mapeado. O que o Game Change faz é embutir na política de investimentos em inovação a lógica de testar ideias em menor escala antes de apostar pesado nelas.

Assim, quando muitas organizações montam salas de inovação e as fecham por não trabalhar a cultura organizacional de aceitação e incentivo à criatividade, quando outras abrem espaços na sua webpage para que sugestões criativas sejam depositadas sem reunir o comitê de criatividade para impulsionar as boas ideias ou ainda aquelas que pouco incentivam financeiramente seus colaboradores, mas exigem contribuições “fora da caixa” estão fadadas a serem engolidas por suas concorrentes que veem nos seus colaboradores as cabeças geradoras de boas sugestões que irão lhes garantir sucesso financeiro e vida longa no mercado. O que é preciso mudar hoje na sua organização para alcançar um cenário mais efetivo? 

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