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Pessoas Exponenciais 01: Salim Ismail


Salim Ismail é o CEO da Singularity University — que embora tenha o nome de “universidade”, é algo bem diferente do que se entende como uma. A organização americana mistura programas educacionais com uma incubadora de novos negócios e um think tank permanente. Criada em 2008 dentro do Nasa Research Center em Palo Alto, na Califórnia, pelo diretor de engenharia do Google, Ray Kurzweil, e pelo executivo Peter Diamands, a SU nasceu com a missão de formar e inspirar líderes que tratem dos grandes desafios da humanidade que estão por vir. “A maior parte da academia se debruça sobre o passado, seus modelos e equações. Nós focamos apenas em tecnologias que evoluem muito rápido e ensinamos principalmente a projetar o futuro”, explica Ismail. “No fundo, o que fazemos é ensinar nossos estudantes a lançar novas empresas, ONGs e áreas de pesquisa.” Os alunos que passam pela instituição são estimulados a desenvolver ideias que, nos próximos dez anos, venham a impactar 1 bilhão de pessoas. Hoje, o grupo de 15 mil fellows espalhados por 90 países já está influenciando mudanças locais. “O que estamos criando é um coquetel que mescla os principais experts em novas tecnologias a jovens líderes. As coisas estão começando a se encaixar”, avisa. Seu best-seller Organizações Exponenciais fala sobre empresas e governos que promovem inovações disruptivas em sua estrutura e subvertem a lógica de crescimento linear. A seguir, ele aponta saídas para a crise dos modelos de educação, política e gestão em que nos metemos. (adapt)

O que é preciso fazer para ajustar nosso modelo de educação?

 Eu não acredito que dê para consertar o sistema educacional existente. Deveríamos repensá-lo. Me parece descabido passar horas ensinando fatos que as crianças podem pesquisar na Wikipedia em poucos minutos – e aprender do mesmo jeito. A ideia de que podemos educar uma pessoa até os 20 anos e esperar que ela passe 30 ou 40 contribuindo para a sociedade para depois se aposentar é ultrapassada. Hoje precisamos de um processo contínuo, mais individualizado, em que educador e educado atuem como parceiros que aprendem paralelamente e ao longo da vida.

Quais são as principais dificuldades e os desafios que você identifica, a partir das conversas que tem com os alunos da Singularity?

Eu acho que é a transição do conceito linear para o exponencial. Tanto nossa educação formal quanto nossa intuição nos moldaram para fazer ilações lineares. Mas o mundo se comporta de modo muito diferente em um cenário de dados exponenciais. Em dez ou 15 anos de crescimento da internet nos tornaremos mais e mais dominados pela informação. O primeiro passo é garantir que as pessoas passem a pensar de modo diferente. Hoje podemos usar a ciência e a tecnologia para resolver problemas globais como nunca pudemos antes, em uma escala inédita. O desafio é aprender como pensar nessa nova escala.

O que você aconselha a quem quer fazer a transição do modo linear para o exponencial? 

Se você quer fazer algo relevante, deixar a sua marca no mundo, então é muito importante fazer algo que ame de verdade. Mas, em vez de aconselhar que você descubra o que ama, proponho que busque problemas que o fascinem e vá atacá-los. Eu digo no meu livro que as organizações exponenciais têm um propósito transformador. Busque o seu. Esse é o primeiro conselho. O segundo é que você escolha um tema e vá estudá-lo a fundo. Em poucas semanas, pela internet, é possível se tornar um expert mundial. No passado, a inovação disruptiva só vinha de órgãos do governo ou grandes laboratórios corporativos. Hoje, qualquer um pode entrar em uma velha indústria com cabeça de principiante e alterar o status quo. Elon Musk [o fundador da Tesla] talvez seja o melhor exemplo. Ele não tinha nenhuma experiência prévia com carros, energia ou tecnologia espacial e hoje ajuda a reinventar esses três mercados.

A pergunta final é: você já é um dos fellows?

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