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Se nominamos o medo, a batalha fica mais justa


Nós tememos muitas coisas: a desgraça, doenças, violência, nossa mortalidade, sofrimento e a morte de quem amamos... Quando somos confrontados por esses medos, as pessoas por gentileza costumam nos estimular a pensar nos melhores cenários. É um movimento bem-intencionado, mas que de maneira não intencional, deixa nossos medos crescendo, nos enchendo de pavor e, às vezes, parecendo muito maiores do que deveriam. Assim, descrevemos aqui um movimento oposto: encarar nossas angústias diretamente nos olhos, nos negando a sermos intimidados por elas e examinando-as detalhadamente para eliminar seu poder debilitante, em busca de uma vida mais serena. Fazer isso pode nos levar a uma importante percepção: nós somos capazes de dar conta – mesmo se o pior acontecer. A seguir, alguns convites para refletir sobre coisas assustadoras – em maior ou menor grau –, não para nos deprimir, mas para nos emprestar uma noção otimista e leve da nossa resiliência e adaptabilidade. Pensemos se formos confrontados pelo nosso líder agora. Será que o sentimento a nos invadir seria a indignação, a raiva, a angústia da certeza de termos agido com a melhor das intenções e não sermos respeitados da nossa humanidade? Ainda: se o colega de trabalho não nos dá as informações necessárias para o andamento de um projeto essencial para que sejamos reconhecidos no ambiente corporativo o que nos passa pela mente e pelo corpo: a sensação de rendição, frustração por não termos dito o que precisávamos na hora oportuna, indignação pelo desrespeito? Ou mais: quando um grupo de amigos que você considera não faz o convite para o happy hour? O que nos invade: uma tristeza lenta e verdadeira, o orgulho que se fere diante de tamanha desfeita? Para todos os cenários cabe uma reflexão. Vamos a elas. Para o querido líder, é preciso que deixemos passar a ira alheia e repensar se, de fato, deixamos passar um dado importante ou se possuíamos bons argumentos de réplica. Sim é a resposta, voltemos em momento oportuno e com clareza e calma situemos os fatos como são; se foi desrespeito, que aguardemos uma reunião – agendada por nós mesmos – para realinhar as posturas e transparecer com maturidade o que foi inconveniente e desagradável. Não esperemos pelo pedido de desculpas, mas coloquemos nossa humanidade na discussão. Quanto ao colega de trabalho, posso dizer que não há rendição desconhecida. Sempre sabemos de forma explícita ou intuitiva – aqui entra a neurociência e não o universo místico – com quem podemos contar de fato. Se demos mais corda para a situação em análise, esta foi a mesma que nos enlaçou. Colocar os pingos nos is, esclarecer os fatos, pontuar os danos e prejuízos coletivos e individuais traz o alívio mental e a paz de espírito, além do reconhecimento – a tempo – desejado. Por fim, aos amigos esquecidos, caberá a você o próximo convite para um happy hour, na boa fé de que pessoas são como são, somente nos oferecem o que possuem e, se queremos mais, temos que as ensinar a importância e o valor dos fatos e de determinadas situações para nós. E por quê sofremos então? Porque criamos as expectativas que preenchem a lacuna entre a realidade e nossos desejos. Quando estes se aproximam da concretização, percebemos que o ideal, muitas vezes, é utópico e pertence a apenas ao nosso mundo. Para o coletivizar, é preciso externá-lo com razoabilidade, sensatez, afeto e auto amor. O mais é acessório, nós somos essenciais.


Obrigada The school of life pela inspiração!

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